Hoje de manhã me deparei com um artigo do Luciano Huck publicado na Folha de S. Paulo com o título “Pensamentos quase póstumos”. Nada mais que uma lamentação após um assaltado à mão armada no Jardins, em que a vítima foi ele, um homem que passa o dia “pensando em como deixar as pessoas mais felizes e como tentar fazer este país mais bacana”.
Luciano é apenas uma voz entre as que se erguem, indignadas, das classes mais altas, cujo maior eco está no movimento burguês Cansei. Elas gritam porque a criminalidade está deixando a periferia e invadindo seu território. Palavras do próprio Huck comprovam o quanto isso é incômodo: “Desculpem o desabafo, mas hoje amanheci um cidadão envergonhado de ser paulistano, um brasileiro humilhado por um calibre 38 e um homem que correu o risco de não ver os seus filhos crescerem por causa de um relógio”.
Caro Luciano, você se sentiu como um morador da periferia se sente todos os dias. E ainda quis se eximir da sua parcela de culpa nessa situação alegando pagar seus impostos e dirigir uma ong. A sua mensagem ficou bem clara nas entrelinhas: “Eu pago meus impostos para que o governo mantenha os pobres onde estão e presido uma ong para que eles se contentem com o que têm e não venham tomar o que é meu”.
Você não passa de um riquinho para quem os pobres são como animaizinhos, com quem é legal brincar às vezes e depois rumar para a casa grande e confortável, enquanto eles ficam do lado de fora, em suas casinhas. Animaizinhos que podem ser domesticados e mantidos à distância. Tenho pena de você.
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
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